O supremo interdito

Este novo romance de Urbano Tavares Rodrigues, cuja 1ª edição esgotou em apenas duas semanas, é como um grito dilacerante que desvenda lugares obscuros da natureza humana. Alcino, o protagonista, é um serial-killer da noite lisboeta, que teve uma infância de pesadelo, humilhação e desamor, passou depois por um seminário (sabia, no entanto, que seria "tudo menos um bom sacerdote")e esteve quase a concluir o curso de Medicina. Por esta altura, as pulsões que se adivinhavam, começam a soltar-se e matar surge como algo inevitável.

"É um livro de cortar a respiração. Lido, inevitavelmente relido, é impossível não ter deixado atrás de si um pesado silêncio. Como uma porta que se fecha, na sua desmesura, atrás do leitor. E, quando o medo se esvai e os sentidos recuperam o ritmo do quotidiano, parecem ainda ecoar pelos corredores da alma os versos desajeitados que o assassino deixou um dia sobre o corpo de uma das vítimas: "Tudo é nada, e tudo um sonho finge ser. O espaço negro é mudo.""
Luísa Mellid-Franco, Expresso, Cartaz, 18/11/00