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Basta-lhe apertar o gatilho. Mas hesita. Talvez porque o sol se esteja a pôr. Ou porque a visão da sua vítima, a regar as flores do jardim, o faça hesitar. Ou talvez porque, aos 32 anos, e depois de 15 como assassino contratado, sinta um inesperado vazio. Poisa portanto a arma. O sol, entretanto, já se pôs. Reseng deita-se à espera de um novo dia. Então matará o general. Ou talvez não. Porque o velho lhe aparece de repente ao cair da noite. E convida-o para um chá.
O início do livro é extraordinário. Apaixonamo-nos por Reseng, um assassino em crise existencial. E aos poucos, em pinceladas precisas, aprendemos a conhecê-lo melhor. É um órfão, foi acolhido aos quatro anos por um gangster, e vive desde então numa enorme biblioteca - que é também a sede de um sindicato do crime. É ali que recebe as ordens para matar, por entre leituras de Sófocles e Calvino.
Os Conspiradores deram a conhecer ao Ocidente o premiado autor coreano Un-su Kim, que deixou a crítica tão rendida como desconcertada. Surgiram as comparações, falou-se muito em Camus, em Murakami e até em Don DeLillo. Mas se nas referências literárias não foi encontrado um denominador comum, sempre que se frisava o fulgor cinematográfico da obra, o nome evocado era o mesmo: Quentin Tarantino.
Algures entre esses dois polos - um existencialismo mudo a par de uma exuberante coreografia da violência -, desenha-se um romance notável, que nos prende à leitura e nos leva para além dela.