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«Caro Senhor Ibsen:
Se as cartas tivessem um título, esta que agora vai ler poder-se-ia intitular "Carta da Senhora Helene Alving ao seu inventor Henrik Ibsen, dramaturgo norueguês." Eu não sou exactamente a Senhora Alving e, contudo, este título estaria certo. Sou o longínquo pretexto da acção da sua peça Espectros, tal como a concebeu a partir de notícias publicadas nos jornais de Cristiania em 1878. O meu verdadeiro nome, que terá lido nessas notícias, ter-se-á varrido da sua memória e, para si, eu serei sempre a mulher do capitão Alving da sua peça, embora na minha vida nunca me tivesse cruzado com qualquer capitão. Explico-me melhor: passaram catorze anos sobre os acontecimentos de que fui protagonista e que a Imprensa deturpou grosseiramente nos relatos que vieram a ser a fonte de inspiração da peça que li em 1881, e me indignou quando depois a vi representada.»
A Senhora Alving, personagem principal deste livro, não gostou do modo como o Senhor Ibsen contou a sua história na peça Os Espectros. Decidiu escrever-lhe para repor a verdade e lhe revelar a vida autêntica que viveu depois. Uma vida rica, movimentada, bem diferente da que o Senhor Ibsen tinha vaticinado no final da peça. Anos passados, o escritor e a personagem encontram-se.
Pontos amarelos no exterior das páginas.