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Com 23 anos e o objectivo de escrever um livro, S. H. troca o interior rural dos Estados Unidos por um esquálido apartamento na exuberante Nova Iorque do final dos anos 70. Todos os dias, para combater a solidão e a fome, a rapariga parte à descoberta da cidade, que na época é suja e perigosa e repleta de aventuras. Tem como única companhia os heróis literários da sua adolescência - Dom Quixote e Tristram Shandy - e a voz de uma vizinha, Lucy Brite, que todas as noites lhe chega através da parede da sala, entoando um triste cântico e longos monólogos bizarros, que S. H. aponta num diário. A misteriosa Lucy rapidamente se torna uma obsessão.
Quarenta anos depois, a reputada escritora S. H. encontra o seu velho diário e o rascunho de um romance inacabado. Justapondo os diversos textos, ela cria um diálogo entre os seus diferentes eus ao longo das décadas, num jogo que transforma a narradora - e o leitor - numa espécie de Sherlock Holmes (S.H.) em busca da verdade possível entre a memória e a imaginação.
Neste retrato da artista enquanto jovem, misto de thriller psicológico e bildungsroman, Siri Hustvedt questiona a nossa relação com a realidade, a capacidade da arte de mudar a nossa percepção do mundo, os limites da ficção e os mistérios da personalidade e da memória. Um romance profundamente feminista, que analisa o papel da mulher na sociedade patriarcal e as diferentes formas de violência a que está sujeita, e recupera uma figura fascinante da História, a excêntrica baronesa Elsa von Freytag-Loringhoven, a artista dadaísta de cuja obra Marcel Duchamp se apropriou.
Sinais leves de uso na capa.