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«Subitamente, a chuva parou em absoluto. Como normalmente, adivinhavam-se alguns momentos de estio. Abertas estrinçavam o mar de nuvens em muitos farrapos, desta forma súbita permitindo ainda quase distinguir prolongadamente os fundos dos abismos enormes, ainda que já negros ao avistar de cima.
Maria Inês olhou fascinada, perdendo a conta do isolamento em que estava, sob o impacto do belo. Algo calmo invadira-lhe a alma e possuía-a. Um ruído estranho vinha agora da profundeza das montanhas. É o vento… mas com um som que nunca lhe ouvi, pensou ela, já em murmúrio consigo própria. Só que o barulho aumentava sem se tornar estrondo. Maria Inês surpreendeu-se por desta vez não sentir medo de qualquer espécie. Dir-se-ia com o espírito sossegado, voluntariamente entregue ao que viesse. "Maria Inês!", pareceu-lhe ouvir chamar. Só me faltava, agora, estar a imaginar coisas, disse para consigo. Mas sempre extraordinariamente calma, como quem tem certeza de que o Bem advirá.
"Maria Inês!", soprou forte, mais perceptível, a voz emergente do fundo dos grandes rochedos.
- Não acredito! - exclamou ela. Porém, sem qualquer receio a intimidá-la. Só curiosidade forte e calma.
"Maria Inês, eu sou a Ilha que te fala, em ti escolhi desabafar o que penso para o futuro, visto seres uma alma só. Como a minha. Alma para um pensar sério. Até porque somos ambas marcadas por ansiedades mescladas com vontade e convicções firmes, tendo marcas deixadas pelo tempo."»