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À superfície, o termo hermenêutica é relativamente fácil de usar, uma vez que denota de modo transparente capacidades gerais da espécie humana como as de interpretar, explicar ou traduzir expressões de sentido.
No entanto, o facto de o seu modo de funcionamento ser dúplice (ele inclui tanto operações gerais quanto exercícios singulares), arrasta essa consideração de senso comum para um terreno altamente problemático - mas, e por isso mesmo, fascinante e exigente.
Este ensaio aspira, assim, a radiografar, historicamente, esse estado latente de ambivalência entre preceitos gerais e manifestações particulares, com especial atenção ao modo como a história da hermenêutica (desde Hermes a Santo Agostinho, passando pelos Românticos alemães e pelos grandes pensadores do século XIX como Chladenius, Ast, Wolf e, sobretudo, Schleiermacher) supôs uma refração do campo até se chegar ao conceito estrito de hermenêutica literária dos diversos formalismos do século XX.