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Em A Verdadeira Apologia de Sócrates, Platão, perto da morte, confessa ter inventado, como personagem principal dos seus livros e da sua filosofia, um Sócrates filósofo a partir de um velho escravo honrado que, desiludido dos homens e principalmente do seu amo Alcibíades, se isola no monte Himeto. Porém, sem nunca o explicitar, todo o romance é uma vasta metáfora sobre o conceito de poder e sobre as ilusões colectivas geradas em seu torno. Romance profundamente céptico face ao sentido da generalização do bem entre os homens, nele é descrito, agora, no último capítulo, a crual morte de Sócrates às mãos da população, como símblo do aniquilamento de todo o pensamento e de todo o pensador que se afaste do sentimento geral desenhado pelas instituições sociais.