Sê o primeiro a adicionar este livro aos favoritos!
É um livro de confissões/memórias, semelhante na forma como expõe os seus sentimentos ao "Sinto Muito" mas ainda mais pungente. O autor abre a sua vida em toda a sua plenitude e em todos os seus aspectos dando-nos uma perspectiva abrangente do que sente enquanto pai, marido e médico de crianças, numa escrita muito harmoniosa, melódica mas acessível a todos. Abre o espólio das suas memórias e recorre à sua infância para justificar de onde vem e como chegou até aqui e faz uma reflexão sentida sobre aquilo que tem sido a sua vida até hoje.
No momento da morte, diz-se, passam na nossa mente, em sucessão instantânea, pessoas, lugares, pedaços da existência, num rebobinar de um filme que se extingue. Neste livro, em processo semelhante, mil vozes se erguem, fantasmas adormecidos despertam, memórias há muito esquecidas retomam brilho e cor, quando presente e passado se confundem, e uma semana vale uma vida.
Olhos que se vêem a si mesmos, e nessa peregrinação interior procuram descobrir o nexo, o sentido de uma existência em que o passado caminha ao lado do presente, numa conversa cúmplice de quem se conhece bem. No final do dia, o médico pede ao leitor que lhe devolva o que ele deu aos seus doentes: um ouvido para ouvir, um coração a partilhar, uma mente que tente compreender. Nesse processo, troca de lugar, põe-se do outro lado da secretária, mergulha dentro de si, desarruma as memórias e, tal como os doentes de quem cuida, abre o jogo e mostra quem é e de onde vem.