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João Sarmento Pimentel [Eixes/Trás-os Montes, 1888 - São Paulo/Brasil, 1987.
Oficial de cavalaria e escritor.
Cursou a Escola do Exército e foi promovido a alferes de cavalaria em 15-11-1912. Adepto da República, João Sarmento Pimentel foi combatente do 5 de Outubro e, durante a Primeira Grande Guerra, distinguiu-se pela sua bravura nas campanhas do Sul de Angola contra os Alemães, em 1915, onde uma força sob o seu comando recuperou o posto de Naulila, que os Portugueses haviam perdido. Bateu-se também na Flandres, sendo considerado um herói da Primeira Grande Guerra. Em 3 de Dezembro de 1918 ascendeu ao posto de capitão. Em 1919, quando um movimento militar proclamou a restauração da Monarquia no Porto, a acção de Sarmento Pimentel foi decisiva, juntamente com a de outros comandantes, para o restabelecimento da República naquela cidade.
O golpe militar de 28 de Maio de 1926, que instaurou a ditadura, encontrou nele um adversário acérrimo. Em Fevereiro de 1927, Sarmento Pimentel participou na malograda revolta militar contra o regime. Demitido do Exército e sujeito a constantes perseguições políticas, foi forçado a expatriar-se, acabando por fixar-se no Brasil, na cidade de São Paulo. Aí se distinguiu como empresário industrial, granjeando o respeito dos Brasileiros, não só pela sua competência profissional como pela continuada acção cívica em que se empenhou contra o regime de Salazar e Marcelo Caetano.
Depois do 25 de Abril de 1974, o papel de Sarmento Pimentel na luta pela democracia foi devidamente reconhecido. E o Estado Português agraciou-o com a Ordem da Liberdade. Foi depois sucessivamente promovido a coronel e a general.
Intimamente associado com o grupo da revista Seara Nova, fundada em 1921, Sarmento Pimentel passou a fazer parte da sua direcção a partir de 1924, mantendo-se, depois da sua saída, como colaborador.
Em 1962 publicou no Brasil Memórias do Capitão, livro admirável na literatura portuguesa do nosso tempo, tão pobre no género memorialistico. O louvor que Jorge de Sena lhe rende no prefácio é reiterado por Vitorino Nemésio e outros, que reconhecem a viva originalidade desta narrativa. Acrescida de uma segunda parte na reedição portuguesa de 1974, a obra nada perde da sua qualidade e frescura, pois muito ganha na amplitude e fundura do relato. As Memórias são o drama de uma vida repartida entre duros combates e as aventuras de um quotidiano nimbado da saudade do exílio, onde as cenas evocadas, os retratos finamente traçados e a tinta das paisagens se combinam num feixe de recordações animadas pelo ardor épico e por um lirismo comovido.
Em 1976 foi lançada a obra Sarmento Pimentel ou Uma Geração Traída, constituída por diálogos entre Sarmento Pimentel e o jornalista Norberto Lopes, com prefácio de Vitorino Nemésio. - in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994