Um Quarto Que Não É Seu

Em 1928 Virgínia Woolf publica “Um Quarto Que Seja Seu”, onde define as condições necessárias para as mulheres alcançarem a verdadeira liberdade social e, sobretudo, a autonomia intelectual numa sociedade dominada por homens: um rendimento próprio, ainda que modesto, e um quarto que seja seu. Esta obra fundadora do feminismo estaria marcada ainda por preconceitos de classe? Nelly Boxall foi cozinheira e criada de Virginia e Leonard Woolf durante 18 anos. Durante esse período, desenvolveu-se entre ambas as mulheres uma insólita relação de amor-ódio, com pitadas de dependência e admiração e uma forte dose de diferença. Os diários de Virginia Woolf contêm inúmeras referências a esta convivência difícil entre “os senhores” e a “criadadem”; “Um Quarto Que Não É Seu” pretende ser um contraponto à versão de Woolf. Alicia Giménez Barlett imagina aqui a história de uma investigadora que, de visita a Inglaterra, encontra o diário perdido de Nelly Boxall. Este retrato da sua vida, entre a reconstrução biográfica e a pura imaginação, apresenta a vida intelectual de Bloomsbury vista pela mulher que servia, cozinhava, limpava e, como todas as da sua condição, não tinha “um quarto que fosse seu.”