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O alferes Capelo está a cumprir o serviço militar em Angola quando se dá o massacre de centenas de brancos em povoações isoladas do Norte; é chamado a participar na primeira resposta militar contra os rebeldes e acaba por fazer duas comissões na Guerra Colonial e já não regressar à metrópole, casando-se e tornando-se proprietário de plantações de café.
Na mesma altura, Mateus, funcionário público e amante da poesia e do xadrez, é iniciado em Luanda nas relações de poder entre colonos e colonizados, assistindo à prisão e tortura de rebeldes e guerrilheiros; manda vir a família e instala-se na Gabela, cruzando-se com Capelo, já desmobilizado, ambos desconhecendo que assistem aos últimos estertores do império. Na verdade, o 25 de Abril muda tudo: o Governo de Lisboa prepara a independência das Colónias e, na Gabela, as atenções dividem-se entre o MPLA e a FNLA. Quando rebenta a guerra civil, a população branca aflui aos portos e aeroportos e aproveita-se o caos para fazer ajustes de contas pessoais. Mateus e a família são agora refugiados que aguardam embarque na maior ponte aérea civil alguma vez realizada entre dois continentes e chegam a Lisboa com milhares de outros desalojados em pleno PREC.
Este é um romance sobre o fim do período colonial, com descrições impressionantes da violência recíproca que moldou Angola antes, durante e depois da guerra, e o relato de como muitas famílias testemunharam, da pior maneira, o fim de um ciclo que durou mais de quinhentos anos.