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Tara Westover cresceu a preparar-se para o Fim dos Tempos, para ver o Sol escurecer e a Lua pingar, como que de sangue. Passava o verão a conservar pêssegos e o inverno a cuidar da rotatividade das provisões de emergência da família, na esperança de que, quando o mundo dos homens falhasse, a sua família continuasse a viver.
Não tinha certidão de nascimento e nunca pusera um pé na escola. Não tinha boletim médico, porque o pai não acreditava em médicos nem em hospitais. Não havia quaisquer registos da sua existência.
O pai foi ficando cada vez mais radical com o passar do tempo, e o seu irmão, mais violento. Aos dezasseis anos, Tara decidiu educar-se a si própria. A sua sede de conhecimento haveria de a levar das montanhas do Idaho até outros continentes, a cruzar os mares e os céus, acabando em Cambridge e Harvard. Só então se perguntou se tinha ido demasiado longe. Se ainda podia voltar a casa.