Sê o primeiro a adicionar este livro aos favoritos!
O autor (e meu colega nas artes de Esculápio) estreia-se com um romance só aparentemente ficcionado, tão perto que se situa da nossa vivência recente, a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV- 2. Também aqui podemos encontrar a surpresa inicial pela perturbação do nosso quotidiano, a habituação às exigências sanitárias da pandemia e depois a manifesta ansiedade em vermos terminado este período castrador da nossa vida.
Esta narrativa traz de volta muitos dos sentimentos que marcaram os últimos dois anos da vida dos médicos – a angústia do desconhecimento, o receio do contágio, o desespero de ver partir os doentes, a “culpa” sentida por não os ter podido salvar, mas também o alento dado por serem sobreviventes alguns dos mais improváveis, atendendo à idade ou às suas fragilidades.
Num relato muito intenso e de proximidade, são a tensão emocional, o esgotamento físico, o desespero, que transparecem do dia-a-dia deste clínico, protagonista da sua e da nossa história, nas fases mais críticas duma pandemia, em cada uma das suas ondas epidémicas. Estamos ainda tão perto dessa sofrida realidade, que o livro se “bebe de um trago”, pela atualidade, pela envolvência do relato, pela emoção que transparece.