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Decidido a morrer antes mês mo da morte vir ao seu encontro, um poeta anuncia aos amigos o regresso definitivo à casa onde nascera. Tomando esta atitude como uma fantasia passageira, todos ficam à sua espera. Em vão. Para sempre «defendido dos homens, dos seus olhos, Álvaro Roíz achara na terra natal o ven- tre acolhedor do seu repouso eterno. E tão bem se furtara aos olhares dos outros, que o próprio Paolo del Vecchio, estudioso e herdeiro do seu espólio literário, não encontrando na sua vida aparentemente banal matéria bastante que deixasse antever a dimensão do poeta, desespera de lhe escrever a biografia.
Uma mulher, porém, soube entender que, sob aquela figura difusa, «qualquer coisa lhe ardia, uma chama de cobre, no fundo do olhar». Intentando «juntar o fim com o princípio, para que um ilumine o outro e o esclareça», ela segue-lhe o rasto até Amo- rins, buscando nas gentes e nos lugares as histórias com que irá tecer a história de Álvaro Roíz: o menino de mãe ausente que se aninhava no vulto roliço e reconfortante da ama que o criara; o Alvarinho estudante que contava a Filomena, em jeito de folhetim interminável, a história de Ulisses; o poeta distante a quem os companheiros de infância não perdoam a aristocrática indiferença; o velho de casacão coçado que escandaliza a vila e a família, que o imaginam tomado de amores por uma adolescente...
Percorrido por alguns dos temas base da ficção de Hélia Correia a fuga, a loucura, a ânsia de ascensão social, a tensão entre ri- cos e pobres, A Casa Eterna (1991) é um convite irrecusável para rever (ou descobrir) uma das vozes mais sedutoras das letras portuguesas de hoje.
Como novo, capa dura com sobrecapa em papel