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Reedição do aclamado romance de estreia de Jorge Reis-Sá pela mão da Guerra & Paz, com uma belíssima capa de Ilídio J. B. Vasco e revisão de Hélder Guégués.
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O livro é escrito com o ânimo do desencanto, mas é isso que nos encanta a nós, leitores.
Maria Alzira Seixo | VISÃO
Fecha-se o romance, fica-se a pensar, de cérebro dividido entre o grosso da narrativa e o final inesperado. Fica-se a pensar: algo raro quando hoje se fecha um romance português.
MIGUEL REAL | JORNAL DE LETRAS
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Sinopse
«Quando eu era criança - há tantos, tantos anos todos dormíamos em colchões de palha nesta casa. Depois cresci, depois morreu quem tinha de morrer, depois casei-me, depois a casa cresceu connosco e com os moços.
E depois os colchões foram sendo substituídos por novos. Cada cinco anos havia um colchão que se comprava, um colchão de palha que desaparecia. Até que só ficou uma cama como recordação dos tempos que foram. E foi a da mãe. claro. Porque ela era a mais antiga e sempre disse
Eu nunca hei-de dormir em colchões onde não posso sentir a palha tocar- -me no corpo.
e não dormiu. Não dormiu porque quando trocou de quarto senti-lhe eu que o sono já era outro. Já era um sono com a morte perto, sem a serenidade de quem dorme. Já era um sono distante.
Por isso, quando entro na salinha e vejo a secretária, sei que entro onde mor- reu a minha mãe. Não se morre onde o corpo se entrega. Morre-se onde se entrega a alma, e a minha mãe morreu no dia em que mudou de quarto e deixou o colchão de palha.»
Mais do que um romance sobre a perda, é a história da reconstrução depois dela.