Ao Encontro do Passado

"Henry Wadsworth Longfellow, poeta do século XIX, afirmou que os homens que fazem história deixam "pegadas nas areias do tempo". As pegadas podem desaparecer, mas isso não implica que se apague também o que elas significam. É verdade que uma grande parte do passado se mantém, e provavelmente manter-se-á, envolta em mistério. Durante centenas de séculos os nossos antepassados nada registaram por escrito, e durante muitos séculos mais limitaram-se a historiar - quando o fizeram - alguns eventos desconexos. Contudo, as suas "pegadas" raramente se apagaram por completo, e em todos os lugares continuam a surgir-nos chaves para o conhecimento do passado: a inesperada descoberta, na América, de artefactos há muito enterrados pode indicar-nos a existência de uma aldeia índia esquecida: a descoberta de uma retrato em determinado túmulo pode revelar-nos as feições de um antigo rei da Macedónia. Os cientistas de hoje alargam constantemente os nossos horizontes históricos graças a métodos arqueológicos cada vez mais sofisticados, aos progressos tecnológicos e à mera persistência. Existem factos concretos por detrás de todas as lendas, verdades ocultas no âmago de cada relato fantasioso - quer se refiram a Cleópatra, ao primeiro imperador japonês, ao rei Artur, às ruínas do Zimbabwé ou a qualquer dos inúmeros povos e lugares que num dado momento avultaram na História. E sempre que é possível trazer à luz a realidade, os arqueólogos e historiadores não se poupam a esforços para revelar. O objectivo deste livro é precisamente facultar aos leitores uma amostragem elucidativa do seu trabalho. Ao longo das suas páginas será apresentada uma série de breves histórias autênticas ilustradas, cada uma das quais propondo interrogações e procurando respostas sobre uma individualidade, uma sociedade ou incidente do passado. Estas histórias - muitas das quais poderiam ser apropriadamente designadas por histórias de mistério - remontam ais nebulosos primórdios da Humanidade e prolongam-se até ao início dos tempos modernos, assinalado pela descoberta do Novo Mundo por um europeu. Obedecem a uma sequência quanto possível cronológica e foram agrupadas em quatro secções: "O Homem Primitivo" (cerca de 100 000 a 4000 a.C.); "O Mundo Clássico" (até 500 d.C.), e "O Mundo Medieval" (até 1500 d.C.). Não é necessário ler as diversas secções pela ordem por que são apresentadas, pois cada história constitui em si uma unidade. E cada uma inclui um sumário muito claro dos factos tais como hoje os conhecemos. Os arqueólogos ou historiadores que planearam e escreveram este livro não procuraram abarcar todos os acontecimentos relativos a determinada época ou região; escolheram, sim, uma ampla secção de momentos fascinantes numa jornada retroespectiva, ao longo do tempo. É evidente que em determinados casos um artigo só poderá ser entendido se for devidamente integrado num contexto histórico; nestas circunstâncias, porém, será acompanhado da necessária informação de apoio. Por outro lado, os quadros, no início de cada secção, fornecem sempre uma visão de conjunto da história de cada período. Ao Encontro do Passado não é, pois, um compêndio de história convencional. Embora vá, sem dúvida, aumentar os nossos conhecimentos sobre o comportamento - bom ou mau - dos nossos remotos antepassados, pretende, antes do mais, ser um livro de leitura acessível e agradável."