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Os gregos antigos inventaram a democracia, mas às mulheres desse tempo não foi permitido deliberar, dirigir ou defender o Estado. Ficaram sem representação. Ao homem foi reconhecido o estatuto de animal político, enquanto a mulher era um animal doméstico. O cristianismo e os pensadores medievais, como Tomás de Aquino, viam a mulher como incoerente, incapaz de refletir, e no iluminismo, sobretudo com Jean-Jacques Rousseau, à mulher ficavam reservadas as frivolidades. Somente com filósofos como Condorcet, que substituiu as leis da natureza pelos direitos humanos, houve lugar à igualdade e à emancipação da mulher.
Nestas condições as mulheres foram levadas a duvidar da sua legitimidade. Uma suspeição fundamental paira nas próprias democracias: não serão as mulheres, sem dúvida, incompetentes? Não serão elas, talvez, menos capazes?