África, Que Futuro?

"ÁFRICA, o continente tão próximo e simultaneamente tão distante dos europeus, continua por boas e más causas na ordem do dia. Para Portugal e para os portugueses a inclusão na agenda do quotidiano tem um registo secular, penetra a cultura, marca geneticamente a ascendência de muitos dos vultos ilustres da sua História, é referência no desporto, compõe a gastronomia, cruza-se nas ruas e enche bibliotecas. E há depois o passado recente duma luta comum em prol da dignidade e da liberdade dos povos, que gerou utopias, sedimentou esperanças, mas trouxe também traumas e desalentos.

A medalha tem um verso e um anverso. Sempre assim foi e sempre assim será, mas agora começa a ser possível com objectividade perceber-lhe melhor os contornos. O tempo e o decurso dele permitem afastar as nuvens que toldavam a visão e os factos tornam-se mais claros. A História que é pertença dos povos não se pode renegar. É dela que fala a pequena intervenção que se segue, feita sem qualquer pretensão, em jeito de produto concentrado, cedendo à solicitação de amigos africanos mais próximos mas também ao impulso irreprimível de falar da mãe, o continente onde nasci.

A razão acabou por ponderar na conveniência da publicação. As exigências dos nossos dias não deixam muito tempo à leitura. Um pequeno texto tem também essa utilidade, se for seguido, como este o é, duma brevíssima bibliografia que está ao alcance de todos. Um trabalho de maior fôlego, de que o presente e síntese, está em preparação."

Vítor Ramalho é atualmente Presidente da UCCLA