O Almofariz

O Almofariz é um livro diversificado, como que o Almofariz seja uma espécie de cadilho mágico onde se misturam factos históricos que nos falam de Templários, de demandas ou buscas sagradas, de crises académicas, de casos da vida de seu pai ou dele próprio.

As memórias dos estadistas raras vezes deixam de exigir avaliação imparcial da espécie de misericórdia com que a natureza ameniza os erros de julgamento dos factos ou dos seus méritos semeados pelas intervenções políticas da sua responsabilidade. A intenção de preservar uma imagem destinada ao sufrágio das gerações futuras também deixa de ter presença.
São porém mais preservados dessas adversas circunstâncias da política, os relatos do diálogo íntimo que acompanha a relação de cada homem com a sua circunstância, e que oferece à meditação dos participantes no processo de vida.

O Almofariz está mais inscrito nesta vertente, logo evidenciada pelo significado da palavra escolhida para título. Assim como o almofariz é um "recipiente destinado a triturar e homogeneizar substâncias sólidas", assim também o diálogo íntimo vai lidando, frequentemente com dor e amargura, com a torrente de desafios a que se responde com o gasto de unidades de vida, nem sempre com a recompensa da alegria.

A resultante da relação do autor com a sua circunstância de português é seguramente tradicionalista, articulada com a percepção histórica de uma linha de gerações que, enfrentando épocas extremamente variadas nas definições e na intensidade do desafio, mantiveram essa componente na complexa estrutura de identidade nacional