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Um drama vivido na cidade de Veneza num cenário de sombras e presenças fugazes, de alaridos e cores, de vozes que se esbatem nas águas dos canais, quando esse drama é o suicídio de uma bela pintora, provoca estranhas reacções: o pai de Peggy acusa Ray da morte da filha; este sente-se culpado e arrasta a sua culpa pelas ruas, numa deambulação triste e magoada. Das sombras vêm ameaças e dúvidas: porque se matou ela? Três tentativas de assassínio levam Ray a esconder-se na cidade dos palácios. Os italianos com quem contacta são os seus cúmplices do esquecimento; muda de identidade, esconde-se, deixa que os outros pensem que está morto sob as águas do canal.
Mas mesmo assim Veneza não o esconde suficientemente; o sogro descobre-o e a perseguição continua numa tortura ineficaz e surda. As emoções chocam-se. a dor de pai e a dor de marido degladiam-se na violência e no ódio. A cidade do entardecer .' magoado não ajuda os que se consomem no peso absurdo de acusações, de raivas, de estranhas paixões subvertidas. Quando Ray regressa ao mundo depois de conviver com a família do Italiano que o pescou das águas escuras, a sua vida não é a mesma. Lembrar-se-á sempre de quem o ajudou, de quem lhe deu ternura quando não tinha identidade, quando era apenas um ser perdido nas águas de Veneza.
Autor: Patrícia Highsmith
Tradução: Raquel de Carvalho
Editora: Livros do Brasil
Dimensões: 15 x 21 cm
Páginas: 229