Restauração de Portugal (A Revolução de 1 de Dezembro de 1640 / Guerras da Independência 1640-1668)

Numa série de graves desatinos, de deploráveis provas de desorientação política, de vergonhosas manifestações de consciências baixas, perdera-se a autonomia da Nação Portuguesa.

Castela. aproveitando-se do descalabro, que era grande, e da venalidade, que era ainda maior, engrandeceu os seus domínios com a anexação de toda a propriedade lusitana, mas não soube conquistar moralmente aquilo que a força lhe entregara. A ruina de Portugal, o reino invejado por tantas glórias e por tantas grandezas alcançadas, estava pois, assente desde que o governo usurpador só oprimia, só esmagava, indo com as suas violências ao agravo dos mais legítimos direitos.
Cavava-lha assim a sepultura a dinastia estrangeira, pretendendo reduzi-lo à simples e humilhante condição de província espanhola. Mas, se o corpo, torturado, envelhecido, miserando, apresentava já todos os sintomas de morte próxima, a alma vivia ainda, a alma nacional, a alma desse povo que soubera ser grande nos campos de batalha e assombroso na intrepidez com que explorara os temerosos mares desconhecidos e descobrira novos continentes.

Portugal não quiz morrer e não morreu.
O redentor primeiro de Dezembro se 1640 mostrou ao mundo a à História que um punhado de portugueses dispostos s trocar a própria vida pela emancipação da sua pátria, bastara para estilhaçar as algemas de sessenta anos alijar para sempre o jugo da tirania.

Vinte e oito anos levou a consolidar-se a restauração de Portugal. Período agitado, lutas com a Espanha, conspirações anti-patrióticas, discórdias e deslealdades na corte, dele nos vamos ocupar no presente volume.