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Abril em Paris, chuviscos, uma súbita aragem fria e céu acinzentado a terminar a agradável promessa da noite. John Craig decidiu que o seu passeio sem destino ao longo do Boulevard Saint-German podia de um momento para outro chegar ao fim e começou a procurar cuidadosamente um lugar de refúgio...
"Que estúpido!", pensou, ter deixado o impermeável no hotel. Os cafés eram numerosos ao longo deste bocado da avenida. Uns, grandes e barulhentos, outros sombrios e tristes, a maior parte deles com filas de mesas no exterior, fazendo com que os transeuntes, no largo passeio, se entrechocassem numa estreita corrente.[...]. Apenas um homem, caminhando vagarosamente em direção a Craig, parecia não ter objetivo algum. Parou, esquecendo as pessoas que o seguiam, os empurrões e a manifesta contrariedade enquanto procuravam passar por ele. Craig, com o seu caminho bloqueado pelo engarrafamento, afastou-se para a borda do passeio para deixar três belas garotas reentrarem na fila ondulante, depois uma mulher gorda com um saco bojudo de compras e um molho de aipos, depois um velho resmungão, depois dois rapazes de barba que aproveitaram a ocasião para passar, depois "Uf! já chega!" Como era educado, Craig parou, e avançou olhando reprovadoramente para o sonhador que tinha provocado tudo aquilo. Sonhador? Não. O rosto do homem estava pálido, preocupado, assustado. Os seus belos olhos negros, abstratos, olhavam fixamente para Craig sem o verem. E naquele momento, Craig reconheceu a testa alta, o rosto comprido e oval, o nariz proeminente e fino. "O quê?!", disse ele, "É o professor Sussman..." e calou-se embaraçado. Sussman, ao ouvir o seu nome pronunciado de uma maneira amigável, deixara o seu mundo de pensamentos sinistros...
Capa dura, 435 páginas.