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Série Literatura de Viagens - 2
Num seminário promovido pelo CLEPUL vários especialistas de Literatura, História, Filosofia, Antropologia, Arte e Cartografia procuraram ler nos olhos dos viajantes as suas intenções ocultas. Bem acentuada se revelou a rotação desses olhares, na passagem dos Navegadores para os Exploradores. Os primeiros, tanto exprimiam a boa-fé e a ingenuidade na procura do Paraíso, quando a colonização ainda não evoluíra para o colonialismo, como manifestavam exagerado zelo proselitista e fanático, agravado pelo incremento da escravatura.
Os segundos, em pomposas «viagens filosóficas», tanto alargavam os conhecimentos científicos sobre a Natureza e o Homem, como, por cima deles, contabilizavam o valor das matérias-primas e inventavam a teorização e a prática do racismo, ao ponto de as Sociedades Científicas promoverem os espectáculos dos jardins zoológicos humanos. Pelo meio, ficou a interrogação dos que, decepcionados com a falta de novidade do Novo Mundo, projectavam sonhos de protesto ou de modelos sociais de carácter utópico.