Sê o primeiro a adicionar este livro aos favoritos!
Então um dia ganhei coragem, sentei-me no banco à sua frente, e disse-te "acho que me enamorei pela sua imagem na janela", tu não percebeste "como ?". Repeti a frase, "acho que me enamorei pela sua imagem na janela", retorquiste "já ninguém diz isso: enamorei-me (...)
Alguns comboios depois já éramos amigos ou qualquer coisa, conversámos sobre tudo e sobre nada para o tempo passar, como passava o noturno cenário lá fora. "O que achas de mim?" perguntei-te, de repente até já nos tratávamos por tu. Disseste que me achavas piada, foram estas as tuas palavras, mas o problema, além de teres uma mulher e um filho que não qurias deixar por nada deste mundo, era seres tão mais velho, "tens que idade?", respondi "vinte e um", "estás a ver?"; eu tenho o dobro. Expliquei que isso não tinha importância, importante era, por exemplo, eu saber como te chamavas, era incrível ainda não termos nomes um para o outro. Disseste "João". Eu também menti, "Maria". Era um amor sem apelidos e com nomes falsos. Se era amor aquilo, se foi amor aquilo.