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Já lhe chamaram enfant terrible e princesa do humor italiano, e uma coisa é certa, ela está sempre na crista da onda, qual surfista exímia na arte do deslizar sobre a superfície agitada da nossa vida quotidiana.
Caríssimo leitor, deixe-me apresentar-lhe Luciana Littizzetto, uma mulher extraordinária e irreverente, dotada de uma inteligência sagaz que perscruta, implacável, as nossas fraquezas - obsessões, manias, medos, fobias, enfim, a miséria humana em geral, sobretudo a do universo masculino, esse universo desconhecido e incompreensível, objecto simultâneo de desejo e de crítica acérrima. Mas também a das mulheres; também a elas é apontada sem hesitação a potente arma da ironia. E nesse aspecto, Littizzetto traz consigo uma lufada de ar fresco, pois há muito tempo que não acontecia verem-se as mulheres tão brilhantemente retratadas nas suas bizarrias quotidianas, através de um humor que assenta em grande parte na dessacralização da retórica feminina. Entre os divertídissimos e breves quadros é privilegiado o da mulher solteira, na casa dos trinta, vítima das situações mais impeedosamente absurdas e tragicocómicas, eternamente incompreendida, eternamente em busca do amor, sofrendo incontáveis desilusões. Dos padecimentos do humor aos herpes, dos problemas com a linha ao feminismo, da carreira ao matrimónio e à maternidade, a irreprimível verve satírica de Littizzetto toca tudo e todos, sem contemplações, e oferece-nos uma recolha de reflexões hilariantes sobre a nossa sociedade, que vem confirmar o excepcional talento cómico da autora e a sua capacidade para fazer rir colocando a nu o lado ridículo de cada um, começando por si própria.
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