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Os escassos dois meses de permanência de Eça de Queirós no Oriente em finais de 1869, a convite do seu amigo conde de Resende que aí se desloca por ocasião da inauguração do Canal do Suez, irão proporcionar-lhe o gosto pelas viagens e a oportunidade de exercitar a escrita, contribuindo decisivamente para a sua formação cultural e para a escolha da sua futura carreira profissional como diplomata.
Nos seus apontamentos de viagem (publicados postumamente, sob o título O Egipto. Notas de Viagem), o futuro diplomata e viajante oferece aos seus leitores vivas descrições dos túmulos faraónicos, falando desses gigantescos monumentos e ainda da paisagem circundante. Evoca os seus percursos e as aventuras na grande e ruidosa cidade do Cairo, onde visitou os decrépitos vestígios coptas e os monumentos islâmicos situados na altaneira Cidadela cairota. Descreve os túmulos dos califas, a vetusta mesquita de Amr, a mesquita de Ibn Tulun e a mesquita da Universidade de Al-Azhar, prestigiados monumentos do mundo muçulmano. Calcorreou, igualmente, a ainda hoje compacta e ruidosa zona comercial de Khan el-Khalili.
Um gosto pelas viagens, no tempo e no espaço, aberto pelo excitante percurso oriental que nunca esqueceu.