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A única porta aberta na praça era a da igreja. César Montero olhou para cima e viu o céu espesso e baixo, a dois palmos da sua cabeça. Benzeu-se, esporeou a mula e fê-la girar várias vezes sobre as patas traseiras, até que o animal se firmou no escorregadio do chão. Foi então que viu o papel colado na porta de sua casa.
Leu-o sem desmontar. A água tinha dissolvido a cor, mas o texto escrito a pincel, com maiúsculas mal desenhadas, mantinha-se suficientemente legível. César Montero encostou a mula à parede, arrancou o papel e rasgou-o em pedaços.
Prémio Nobel de Literatura, 1982