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De "Avieiros" a "A Barca dos Sete Lemes", Alves Redol percorreu um longo e frutuoso caminho: um caminho de uma mais lúcida apreensão das relações humanas, de aquisição de um conhecimento mais profundo das motivações psicológicas, de mais flagrantes preocupações estéticas. "Este romance não pretende ficar na literatura como obra de arte. Quer ser, antes de tudo, um documento humano fixado no Ribatejo. Depois disso será o que os outros entenderem", escreveu Alves Redol na primeira página de "Gaibéus". Em "Uma Fenda na Muralha", agora em 3ª edição, estão presentes os valores fundamentais que são os de toda a obra de Alves Redol: "a força impressionante do seu testemunho de verdade transporta em literatura e que, como verdade, se impõe também estéticamente".
Como já nos havia mostrado os homens do Alto Douro e do Ribatejo, poe agora diante de nós, neste livro, os homens da Nazaré, "derrancados pelo trabalho, pela fome e pelo medo", trágicamente ao sabor da natureza, vivos no sofrimento mudo ou no mal pronunciado protesto.
Como Álvaro Salema notou, há nesta obra "um cunho muito especial de composição que faz lembrar a sequência cinematográfica, pelo enquadramento das situações e das figuras em cena, pelo arranjo muito visualizável que as caracteriza, pelo timbre simultâneamente realista e expressionista do diálogo". Toda a acção é admirávelmente construída, as personagens vivem diante de nós, nervosas e ansiosas, as situações atingem naturalmente o clímax. HUMANO - eis a chave da grandeza de Redol.