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Contos tradicionais do Algarve.
Nas longas noites frias, de inverno, o serão era passado, na cozinha, à volta do lume, que aquecia simultaneamente toda a casa. Ali se reunia a família e sem outras distrações, que não a oralidade, contavam-se histórias e estórias, contos, adivinhas e lendas, que desta forma passavam de geração em geração. Com o surgimento do rádio, ou telefonia, como então se designava em meados dos anos de 1930, mas principalmente da televisão em 1957, aquele hábito antigo, de transmissão pela oralidade, começou a perder-se e hoje, ainda que possam subsistir as reuniões junto à lareira, os telemóveis vieram roubar a derradeira atenção de miúdos e graúdos, desaparecendo a sua partilha entre gerações.
O Centro de Documentação do Museu Municipal de Loulé guarda no seu acervo bibliográfico as obras de Francisco Xavier de Ataíde Oliveira, nas quais recolheu, no fim do século XIX, inícios do século XX, muito desse património cultural oral secular, que compilou para os seus trabalhos monográficos, essencialmente para «As mouras encantadas e os encantamentos no Algarve», publicado em 1898, os «Contos Tradicionais do Algarve», em 1900 e 1902 e o «Romanceiro e Cancioneiro do Algarve», editado em 1905.
Mais recentemente, muito desse património ancestral foi recolhido por Idália Farinho Custódio e Maria Aliete Galhoz, em «Memória Tradicional de Vale Judeu», dada à estampa em 1996, bem como nos cinco volumes do «Património Oral do Concelho de Loulé», obra a que se juntou, além daquelas autoras, Isabel Cardigos, publicada entre 2004 e 2013, com a chancela da Câmara Municipal de Loulé.
Trabalhos imprescindíveis que merecem uma leitura, nestas noites longas de inverno, afinal encerram e preservam também a nossa cultura e identidade.
De resto, como novo.