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As traduções de Duarte de Resende parecem significativas duma situação não unívoca, segundo a qual se define o Renascimento em Portugal. Por um lado, pelo seu conteúdo ético, elas prolongam o prestígio do Cicero que a Idade Média consagrara, isto é do doutrinador moral. Mas, por outro lado, o próprio facto do empreendimento da sua versão em «romance» insere-se num programa cultural que nos parece ir atêm da polémica erudita do humanismo ciceroniano. Com efeito, a divulgação e a democratização cultural permitida pela imprensa projecta-se, através da actividade tradutora, no sentido duma circulação que ultrapassara largamente os circuitos da educação palaciana, aristocrática e académica. As traduções tomam a dimensão e assumem a função de Instrumentos divulgativos de expansão cultural, dirigindo-se, por definição. aos «não latinos», isto é. aqueles a quem, tendo apenas acesso ao vernáculo, estaria vedada a inteligibilidade dos textos em latim. A introdução da imprensa apresenta-se, assim, como um instrumento novo que vai proporcionar ao próprio acto comunicativo uma força até então insuspeitada.
De resto, em excelente estado de conservação.