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Num dos lugares de honra do circo, que ocupara a instâncias do empresário, o alcaide presenciou o número inicial dos trapézios e uma entrada dos palhaços. Depois apareceu Casandra, vestida de veludo negro e com os olhos vendados, oferecendo-se para adivinhar o pensamento dos espectadores. O alcaide fugiu. Fez uma ronda de rotina pelas ruas da terra e às dez foi ao Comando. Ali o esperava, em cartão de visita e com letra muito composta, a mensagem do padre Ángel. Alarmou-o o formalismo da solicitação.
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O padre Ángel começava a despir-se quando o alcaide bateu à porta. Caramba
- disse o pároco -, não o esperava tão depressa. O alcaide descobriu a cabeça antes
de entrar.
Gosto de responder a tempo às cartas -- disse sorrindo.
Lançou o boné, fazendo-o girar como um disco, para a cadeira de verga. Sob a prateleira das talhas, havia algumas garrafas de gasosa postas a refrescar na água de um alguidar. O padre Ángel tirou uma.
Bebe uma limonada?
O alcaide aceitou.
- Tomei a liberdade de o incomodar - disse o padre, indo direito ao seu propósito para manifestar a minha preocupação pela sua indiferença perante os pasquins.
Disse-o de um modo que poderia ser interpretado como uma brincadeira, mas o alcaide tomou-o à letra. Perguntou a si mesmo, perplexo, como era possível que a preocupação com os pasquins tivesse podido arrastar o padre Ángel até aquele ponto.
- E estranho, padre, que também o senhor esteja pendente desse caso.