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A Revoada é o primeiro romance de Gabriel Garcia Márquez e é nele que, pela primeira vez, surge a mágica Macondo dos Cem Anos de Solidão.
Publicado em 1955, é um livro cuidadosamente planificado e construído, de escrita rigorosa e contida - há passagens inteiras constantemente retomadas ao longo do romance, por vezes ligeiramente alteradas, expressões, imagens ou palavras insistentemente disseminadas por todo ele, do princípio ao fim -, e em que a imaginação é submetida ao controle férreo imposto pelo fechamento do seu universo mítico.
A accão existe mais fora do tempo presente - umas escassas horas entre o meio-dia e as três da tarde de 12 de Setembro de 1928 - do que dentro dele.
A narração, é feita em sucessivos flash-back, retomados, completados, alterados e baralhados por cada uma das personagens. Nada - ou tudo - se passa numa tarde sufocante de Verão numa sala fechada de uma casa fechada há dez anos, em torno de um caixão por fim fechado.
Gabriel García Márquez, com a sua escrita magnífica, leva-nos a uma aldeia e a uma família agonizantes, cujos destinos são indissolúveis, ambas destruídas por inimigos vindos de fora. Macondo, alimentada pelo ressentimento, virada para o passado, onde «a hera invade as casas, a erva cresce pelas ruelas» e os lagartos entram nos quartos - invadida por uma revoada de arrivistas que se apodera dela, a suga e a abandona depois à sua sorte.