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Gino, estudante de cinema, e Maria, uma jovem poetisa, refugiados de uma guerra da Europa Central, são as figuras centrais de O Dia Claro. Quando chegam a Lisboa, uma teia de personagens e relações se vai construindo à sua volta: um conde aristocrata, um candidato a primeiroministro, uma mulher misteriosa que dirige um salão literário, uma psicanalista lésbica, uma astróloga com actividades pouco claras, entre outras, dão corpo a um conjunto de figuras, cujas histórias se vão entrecruzando e em que cada uma está mais dependente da outra do que julga e deseja.
É pela voz destas personagens que o leitor vai acompanhando o processo da sua convergência para uma situação complexa em que todos dependem de todos. E quando Marcelo, político em ascensão, aparece morto, todos são, naturalmente, suspeitos.
A originalidade do enredo, a limpidez da escrita e o retrato exímio de diversos tipos sociais - dos meandros da política ao mundo financeiro, do artista falhado ao refugiado que vai perdendo a sua identidade, dos excessos da burguesia bem instalada aos problemas quotidianos da classe média - são elementos que assinalam o feliz regresso de Júlio Moreira e que fazem de O Dia Claro um romance vigoroso e actual, que não deixará de seduzir e prender o leitor até à última página.