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No romance O Gato e o Rato, cuja composição foi objecto de trabalho de grande rigor, Grass revela-se como mestre da pequena forma, da música de câmara literária. É o segundo título da chamada «Trilogia de Danzig», iniciada com a obra O Tambor e ao qual se seguiu O Cão de Hitler.
Com um olhar retrospectivo lançado ao ano de 1959, Pilenz conta-nos acerca do admirado e desprezado colega de turma Mahlke, na Danzig dos tempos da guerra, cuja maçã-de-adão maior do que o normal faz dele uma espécie de figura à margem.
Mahlke era seguido, amado, invejado pelos seus colegas do liceu pela sua estranha postura em relação a Deus, à Virgem Maria e pela chave de parafusos que traz ao pescoço.
Mahlke trava um combate desesperado pela sua integração, pela colmatação da brecha existencial entre «Gato» e «Rato», e acabará por, na vitória, falhar. É uma obra que através do choque de um adolescente com o meio hostil do liceu representa uma crítica à sociedade nacional-socialista dos tempos da guerra.