Este livro está na lista de favoritos de 1 utilizadores.
Edição em 2 volumes, Relógio d’Água, 2006
Tradução de Urbano Tavares Rodrigues
Giovanni Boccaccio, contador de histórias, poeta e humanista, foi um dos três grandes escritores que surgiram em Itália entre as últimas décadas do século XIII e princípio do século XIV . Os outros foram Dante e Petrarca. Num certo sentido pode ser considerado o criador da novelística italiana.
Amigo e correspondente de Petrarca - que tratava por mestre - Boccaccio encontrou nessa amizade encorajamento para a sua obra.
Começou a escrever Decameron por volta de 1349, pouco depois da peste negra ter assolado Florença, matando quase três quartos da população da cidade. É provável que algumas das histórias já tivessem sido escritas antes, mas foi nesta altura que Boccaccio delineou a estrutura da obra, que haveria de terminar em 1352. Boccaccio reviu e reescreveu Decameron em 1370-71, fixando um texto que exprime em termos narrativos o espírito laico da burguesia comercial que afirmava então o seu protagonismo na vida social europeia. Fá-lo através de uma estrutura equilibrada em simetrias naturais, com um variado desfile de peripécias, situações e personagens, do simples popular ao libertino, num registo que vai da sátira de uma religião em crise à emoção poética perante a dor ou a morte.
Como escreveu Riccardo Averini para a edição pela Formar desta tradução de Urbano Tavares Rodrigues, a primeira a partir do italiano editada em Portugal:
Cada leitor poderá encontrar o verdadeiro Boccaccio e avaliar como ele teve em conta a realidade dos sentimentos e dos instintos humanos: os mais altos e os mais baixos.
Lendo os contos do Decameron todos os portugueses terão a possibilidade de apreciar uma das mais valiosas obras do espírito humano, com que se encerra a Idade Média e se abrem os horizontes da cultura da Renascença, da qual Giovanni Boccaccio foi um percursor e um arauto.