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Raros escritores terão descrito as belezas da Galiza tão desenvolvidamente, com tanto amor, tanta arte e eloquência como o fez Fialho de Almeida. Grande história de amor dum homem nascido na planície imensa, áspera e seca do Alentejo, pela beleza amena, refrescante e ridente da Galiza
"Tudo isto entra em mim de tal modo que eu velho de 50 anos, com barbas brancas, não tenho outro meio de mostrar o meu agrado senão desatando a gritar «Viva a Galiza!», enquanto as lágrimas me caem pelas barbas e toda a gente ri, dizendo: «Está loco o portugues!».
Oh que estrada de rampas deliciosas, encostadas às montanhas, subindo agora sem cessar, não avançando nunca, subindo, voltando, e que parece feita, não por um engenheiro, mas por um grande poeta paisagista! E os olhos para trás descobrem paraísos verdes, perspectivas de inferno, braços de castanheiros que já de longe têm o ar de nos deitar a sua bênção, e de, nesta terra boa, de gente hospitaleira, nos desejar boa viagem.
Em todas as estradas da Galiza há, marcada em postes sucessivos, não só a contagem quilométrica, senão, nas bifurcações, o destino das estradas, aonde levam, por que povos passam. Ninguém arranca esses benéficos avisos, que ficam bajo la guardia del pueblo, como os jardins públicos, e o mais. Que lição para a estúpida e mal intencionada gentalha portuguesa, que tudo estraga!
Um barco de vela a todo o pano é uma admirável e elegantíssima criação da fantasia utilitária. Só pela beleza das linhas vale todos os couraçados do mundo, que como os automóveis nunca perderão tipo antipático que têm de ferros de engomar.
Num oratório envidraçado (curiosidade) vi um Menino Jesus, nu, em atitude de meditar, horrível como estátua, e tendo um dos pés sobre uma caveira humana. Tão pequeno e tão brejeiro, e já Hamlet!
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