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Edição Estampa de 1999
Tradução de Serafim Ferreira
Cada sociedade tem os velhos que merece: a história antiga e medieval demonstram-no cabalmente. Cada sociedade segrega um modelo de homem ideal e, é deste modelo que depende a imagem da velhice, a sua valorização ou desvalorização.
A Grécia Clássica, virada para a beleza e para a força, relega os velhos para um lugar subalterno. Na Idade média, o velho desempenha o seu papel enquanto pode manejar o hissope, a espada, o arado ou o livro de contas. O único limite é a incapacidade física. Na realidade, não existe a terceira idade: há a vida e há a morte. A partir do século XIV, o peso dos velhos na sociedade aumenta e tem como consequência o recrudescer da critica contra os velhos. A sátira dos casamentos entre homens velhos e mulheres jovens volta a estar na moda, como estava no tempo de Plauto.
A renascença regressa aos ideais Greco-Romanos. Ronsard recomenda colher “as rosas da vida”, mas, ao mesmo tempo, os velhos activos nunca foram tão numerosos: o almirante Dória, septuagenário, luta contra o octogenário Barbarroxa, Miguel Ângelo atinge os 89 anos e Ticiano os 90.
A ambiguidade fundamental da atitude perante a velhice encontra-se, no entanto, ao longo de todos os séculos, porque se o velho se queixa da sua idade avançada, ao mesmo tempo, retira dela glória e procura prolongar os seus dias. A fonte da juventude foi sempre a mais louca esperança do homem ocidental.