Sê o primeiro a adicionar este livro aos favoritos!
As Perturbações do Pupilo Törless é uma história de paixão e crueldade juvenil passada num elitista colégio militar, na Áustria do princípio do século XX. Uma parábola de grande profundidade psicológica sobre os labirintos da alma adolescente e o abuso de poder, numa subtil antecipação de totalitarismos por vir. Um aluno, Basini, tem andado a roubar os seus colegas e é sujeito por eles a todo o tipo de humilhações e jogos homosexuais. O jovem Törless, membro deste grupo, tenta permanecer mais como um observador do que participante. Para pôr termo a esta situação, Basini confessa o seu crime, é expulso, mas também Törless deixa a escola, lugar de grande perturbação moral, agora mais maduro e aberto a novas experiências.
Um século depois, esta primeira obra de Robert Musil, exemplo singular do «romance de formação» europeu, mantém ainda toda a sua ousadia e o seu poder antecipatório.
Robert Musil nasceu em Klagenfurt, na Austria. Estudou engenharia e mais tarde filosofia, matemática e psicologia, doutorando-se na Universidade de Berlim em 1908. Durante a I Guerra Mundial serviu o exército austríaco e depois da guerra ocupou vários postos como funcionário público no Ministério da Defesa. Nos anos 20 torna-se escritor a tempo inteiro e jornalista independente. Quando os nazis ocupam Viena, em 1938, Robert Musil exila-se com a sua mulher, na Suíça, tendo vivido em Zurique e depois em Genebra, cidade onde morreu. Da sua obra, que abarca o romance, o ensaio, o teatro e o conto, destacam-se, para além do presente romance, O Homem Sem Qualidades, considerada uma das obras literárias mais importantes do século XX (Prémio Goethe em 1933). Parte da sua obra foi publicada postumamente. As Perturbações do Pupilo Törless (1906), o seu primeiro romance, foi adaptado ao cinema por Volker Schlöndorff em 1966.
Robert Musil, um dos nomes do «quarteto revolucionário» na prosa das primeiras décadas do século XX - Proust, Joyce, Kafka, Musil -, é um autor sem biografia, como dirá Hermann Broch, seu contemporâneo e compatriota: «Nenhum de nós tem propriamente uma biografia: vivemos e escrevemos, e é tudo».
Musil legou-nos alguns dos mais significativos fragmentos de literatura do século, cujos traços mais salientes são a complexidade dos seus perfis anímicos e o rigor da observação, da análise e da reflexão - uma obra que se orienta pelos princípios, contidos na fórmula lapidar que ele próprio cunhou, da exactidão e da alma.
João Barrento