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Edição Estampa de 1994
Tradução de Maria Helena Costa Dias
«Uns dedicam-se particularmente ao serviço de Deus; outros garantem pelas armas a defesa do Estado; outros ainda a alimentá-lo e a mantê-lo pelos exercícios da paz. São estas as três ordens ou estados gerais da França: o Clero, a Nobreza e o Terceiro Estado».
Esta é uma das afirmações com que abre o Tratado das Ordens e Simples Dignidades que Charles Loyseau, parisiense, publicou em 1610 e que, ao ser conhecido, logo foi considerado muito útil, sendo sucessivamente editado durante o século XVII. Por estas palavras se difinia a ordem social - quer dizer a ordem política -, o mesmo é dizer a ordem, simplesmente. Três «estados», três categorias estabelecidas, estáveis, três divisões hierarquizadas.
Semelhante à escola, semelhante à sociedade-modelo onde a criança aprende a estar sentada, sossegada, a manter-se no seu lugar, a obedecer, a classificar-se. A classe: os grandes, os médios, os pequenos: o primeiro, o segundo e o terceiro estados. Ou, se preferirmos, as três «ordens» - esta é visivelmente a palavra preferida por Loyseau.
A classe mais elevada voltada para o céu, as duas outras viradas para a terra, mas todas elas empenhadas em manter o Estado (desta vez com maíuscula), procurando a ordem média a segurança, a inferior alimentando as restantes. Três funções, pois, complementares. Solidariedade triangular. Triângulo: uma base, um vértice e, sobretudo, essa ternaridade que, misteriosamente, procura o sentido do equilíbrio.