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Nos seus sessenta e muitos anos, Artur era um psiquiatra que gostava de trocar pílulas por histórias. Pelo seu consultório passavam pais em desespero, o ocasional suicida…Todos lhe depositavam no colo sonhos e dramas. Ele escutava, coração aberto q.b., olho distraído no ponteiro do relógio.
Até que um dia lhe entrou pela porta Luísa, de longos cabelos dourados, a beleza escondida num camisolão pesado. Trazia com ela muitos passados, cicatrizes de amantes que foram ficando pelo caminho: "Vou acumulando uma despensa cheia de destroços no meu coração. E depois já não é uma despensa; é uma despensa e uma garagem. E depois são destroços por todo o lado. E pronto! Estou aqui. Com um bocadinho de esperança em si. Nem sei porquê."
O psiquiatra ouviu e guardou mais esta história. Interessou-se um pouco mais, ansiou por puxar o fio àquela meada. Mas, por mais que ao fim do dia se refugiasse à sombra das magnólias e meditasse, a vida não parava e outros náufragos lhe aportavam ao cais. Como Jarbas, que lhe atirou de chofre: "Pode-se amar duas mulheres ao mesmo tempo?"
E é nesse labirinto, onde se desenham encontros e fugas, que Eduardo Sá inscreve o seu novo romance, Nada no Amor é Por Acaso. Espantado sempre com a persistência do amor, que cai e se levanta, o autor lembra-nos que quase tão difícil como nos entregarmos ao amor é conseguir não o fazer.