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Esta obra reúne um conjunto de contos e crónicas de Júlia Ribeiro, empenhada em preservar o património cultural imaterial de Torre de Moncorvo. Estas histórias, entre o rústico (na esteira de contistas transmontanos como Trindade Coelho ou Miguel Torga) e um certo imaginário (a superstição, a lenda e a fatalidade presentes em alguns escritores latino-americanos), alimentaram o imaginário de gerações de pessoas, na maioria analfabetas, e constituíram uma forma de socialização extremamente importante. Eram também um código de normas de vida e de princípios morais. Havia histórias brejeiras, picarescas, que divertiam, em que os homens eram os contadores. Por seu lado, as histórias das velhas tinham sempre um conteúdo muito denso, por vezes arrepiante, com o seu quê de religiosidade e de magia. Algumas das vozes dos contadores ainda vivem na memória de Júlia Ribeiro. São estas vozes que, cada vez mais, se vêm impondo, implorando, exigindo não ser esquecidas. Elas sabem que esquecer é uma das formas mais eficazes de deixar morrer. Por isso, Júlia Ribeiro transporta para a escrita a oralidade desses contos, que se apresentam na voz dos próprios contadores na primeira parte do livro, enquanto que, na segunda, a autora toma o lugar do narrador.
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