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"Há quem garanta ter a Maria Rosa descido, pés roçando a parede, esgadanhada, arregunhada na roseira, agarrada a lençóis e toalhas entrelaçadas com nós bem apertados. O leito composto de vulto levantado, não iludiu a Ana, desconfiada que estava da recente contratada. Por ali se afiançava que o rapaz, no dia seguinte, não dava conta do recado, a levar, à vez, dois sucos de segador potente, Daniel e Maria Rosa, já é namoro, que a rapariga não quer ganhar fama de galdéria, nem ficar falada.
Ela surpreende-se a sonhar com o rapaz, nas distracções aos trabalhos, que a idade ajuda ao primeiro desassossego amoroso. Ao longo do verão, parece evidente que os dois optam por jogos de sedução, por troca de olhares que os martirizam, para contornar dificuldades aparentes.
O próprio Daniel se admira com a franqueza da adolescente, retrai-se e, maduramente, começa a frear aquela paixão. Entretanto, ria a Maria Rosa do encontro casual, que pensar o contrário seria desvirtuá-lo, amanhã irei à horta de pociaque, ficas a saber.
Entregam-se as mãos, à espera do dia seguinte, que os há-de juntar de novo.
Falavam as mulheres no lavadouro, que os viram chegar da horta, galhofando, aquilo são crianças, ainda se o rapaz ficasse por cá, oxalá me engane, mas para bem é que não será. Comentavam as do soalheiro, que a rapariga da fama não se livra, que ela foi ter com ele, de noite, garantiu a Ana, colega de quarto e de profissão.
Tão nova, porém, demasiado vistosa!"
Como novo