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AS DELÍCIAS, SURGE COMO UMA ENRIQUECIDA DE EXPERIÊNCIA, DE REFLEXÃO, ANEDOTAS, EMOÇÃO, RETRATOS, MEMÓRIAS, SONHOS E INVENÇÕES QUE FAZEM DELE O ROMANCE DE UMA VERDADEIRA AVENTURA INTERIOR, PERSEGUIDA AO LONGO DE MEIO SÉCULO.
Uma aventura. É uma aventura no sentido literal, que nos leva da rue du Mogador ao Rio de Janeiro, passando (várias vezes e fraudulentamente) pela linha de demarcação de Moulins, o porto de Marselha, a Croisette, a então deserta praia de Palavas- les-Flots, os acampamentos juvenis de Savoie, o estranho Lyon da Ocupação, o maquis de Auvergne, a Suíça dormindo em paz, a Indochina na véspera de Dien-Bien-Phu, Singapura, Djibuti, Argélia, o Roussillon das abadias românicas ... para terminar por um tempo no Ritz, em Veneza, em outro lugar novamente, e finalmente em algum lugar, no céu brasileiro subitamente virado.
De escala em escala, tantas mulheres se sucedem, humildes como Mariette, a lavadeira, apaixonadas como Jeanne, companheira em perigo, maternais como Mada a vencedora do Porto Velho, inocentemente perversas como Madeleine e Rosette, as duas irmãzinhas de Montpellier , caprichosa como Odette Pâle e seus caprichos, ardente como Eva a distante ou submissa como Gabrièle a cúmplice... Saint-Léger de Maurienne, a pura, a única, aquela que é a Beatriz do paraíso difícil onde o narrador se aventurou em busca de si mesmo.
Porque todo o livro, cujas quatro partes estão ligadas mais logicamente do que parece à primeira vista, é sobretudo uma busca frenética de si mesmo, através das constantes modificações que o tempo e o mundo lhe trazem. Primeiro, em "As delícias de Cambrai", o autor nos oferece um romance juvenil curto, casual e inacabado, cujo herói é "um filho de Thomas, o Impostor e da travessa Lili": aquele que ele gostaria de ser. Depois, com "A Análise", comenta a composição e o abandono desta primeira obra, passando gradualmente a pintar a sua vida "com uma perspectiva que não exclui o esquecimento, nem a advocacia, nem a fabricação". Finalmente, "O vinho quotidiano" é um jornal, "nós barbeadores", o olho no alvo, para tentar surpreender no estado nascente suas reações e suas obsessões. Quanto à última parte, "Os Confins", ela forma uma análise, feita no "fundo" de sua consciência à luz das ideias gerais, para descobrir ali a parte dele que lhe é irredutívelmente pessoal.
Tantos esclarecimentos, cada vez mais precisos, sob o microscópio da introspeção, e que acabarão por dar ao leitor a sensação de que este herói sem nome é aquele dos homens que melhor conhece na terra. Capaz de falar com o mesmo brilho - e a mesma seriedade - de Conan Doyle e Maine de Biran, ou de Husserl e Alexandre Dumas, Jacques Laurent segue uma abordagem perfeitamente original, tanto de aventura quanto de meditação, psicologia tradicional e a imaginação mais surpreendente, o erotismo e a filosofia pura, o egoísmo à la Stendhal, a reflexão crítica ou a sátira manejada como virtuose.
Monumento barroco sem paralelo na literatura dos últimos anos, e afastado das principais correntes que o agitam de forma bastante confusa, As Delícias é, em pleno sentido, a obra de uma vida. Isso também de um romancista para quem escrever é o meio redentor de alcançar o autoconhecimento até as raízes do ser. "Nada tão raro", disse Vigny "do que os escritores cujo passado vemos. Eles são os maiores".
Jacques Laurent (6 January 1919 – 28 December 2000)
Jornalista e Escritor. Após a Libertação, com Roger Nimier, Antoine Blondin e François Nourissier, criou a chamada tendência literária da «desenvoltura» e afirmou-se como um dos autores mais brilhantes da moderna literatura francesa.
A sua obra define-se por coordenadas múltiplas, que vão da ficção de carácter intimista à obra de história, do panfleto ao ensaio, mantendo-se sempre coerente consigo mesmo, pelo seu tom virulento e desenvolto, mesmo quando sob o pseudónimo de Cécil Saint-Laurent publicou alguns romances que tiveram grande aceitação, como o célebre Caroline Chérie. embora o seu êxito fosse mais de ordem comercial do que literária.
Da sua obra literária destacam-se: La Mort à boire (1947); Le Petit Canard (1951); Les Bêtises (1971); Les Dimanches de Mademoiselle Beaunon (1982).
Foi galardoado em 1971 com o Prémio Goncourt pela obra As Delícias - Les Bêtises (1971)
2ª edição, Maio de 1977
Páginas: 636 pgs.
Encadernação: Dura
Tradução: João Pedro de Andrade e Serafim Ferreira
Título Original: Les Bêtises
Livro antigo com pouca disponibilidade no mercado.