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“O problema de que nos ocuparemos neste estudo é o seguinte: quais são as experiências, já remotas e estranhas para nós, que estão na origem de certos fenómenos como a poesia, a pintura, a música, etc.? Envolve-nos uma história milenária, rica de tradições, mas significativa, aliás, apenas para nós ocidentais. Tal como se nos apresenta, estabelece nexos entre acontecimentos aparentemente sem relação histórica e transmite-nos desse modo a imagem de um «mundo fechado», pelo qual nos sentimos tão abrigados, isto é, protegidos do infinito e do ilimitado, como pelos muros das nossas cidades e pelas realizações da nossa arte. Qual é, porém, o móbil original das nossas realizações artísticas? Pretendemos fazer a tentativa de, sem perder de vista a vivência imediata, reconquistarmos a visão e a compreensão do arquétipo original, em grande parte irremissivelmente soterrado, para conseguirmos um ponto de partida para as nossas interrogações teóricas. Uma cultura tradicional corre sempre o perigo de se desprender das suas origens, ou seja, do solo donde se alimenta, e continuar vegetando sob formas que se tornaram artificiais.
No decurso do nosso estudo tentaremos recorrer às experiências imediatas, originadas no encontro com uma natureza e uma realidade estranhas para nós europeus. Sabemos bem quanto a filosofia de hoje receia semelhante recurso ao imediato. Parece que teme renegar demasiado ostensivamente a «teoria». Todavia, pode também ser que a filosofia actual nos surja tão desvitalizada e tão desarreigada precisamente por se ter afastado da experiência imediata. A retórica tradicional – cujo sentido nos é hoje quase inacessível, porque a confundimos com uma espécie de oratória floreada, ao passo que a sua primitiva tarefa consistia em encontrar as palavras adequadas a uma determinada situação e contribuir, com a possível intensidade, para estimular ou serenar o espírito – ignorava esta repulsa pelo imediato-actuante.
Talvez que uma experiência vivida nos ajude a descrever em que consiste esse imediato-actuante e nos permita certas deduções relativas à origem da arte.”
ÍNDICE
- O Problema
- A Base do Mundo Humano: a Empíria
- «Techne» e Arte...
- A Origem Entusiástica da Arte
- Mito e Arte
- A Arte como Representação das Acções Humanas
- Conclusão: Duas situações humanas...
- Explanação Enciclopédica – a Arte: sua origem em relação com o fenómeno religioso
- Nota sobre o autor
- Notas ao texto.
- Principais publicações do autor
- Bibliografia
- Índice de nomes
Tradução do original em língua alemã de Manuela Pinto dos Santos
- Encadernação: capa mole
- Ano: s/d
- Páginas: 165
- Dimensões: 19 x 13,7 cm