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Quando tinha 22 anos, em 1971, João de Melo foi enviado para a guerra que se travava entre Portugal e Angola, uma das suas colónias. Durante mais de dois anos, o romancista permaneceu em África como militar adstrito aos serviços militares de saúde. Dessa experiência e da sua infância nas ilhas dos Açores se alimenta boa parte da sua obra literária.
"A literatura - afirma João de Melo - é um espelho, um reflexo imaginário dos povos. É mais cómodo, mais certeiro, porventura até mais fácil, conhecermos os povos e os países pelo seu imaginário do que propriamente pela sua paisagem ou pela sua geografia".
"Gente Feliz com Lágrimas" é um desses textos que reflectem o imaginário de um povo. O seu tema gira em torno do mundo dos emigrantes dos Açores que, em meados do século XX, deixam a sua pequena pátria e as suas raízes e partem com toda a família em busca de novos horizontes na metrópole. A nostalgia da terra que fica para trás, a fragilidade dos nexos que unem a família e o mundo novo que enfrentam constituem um triplo desafio do qual é difícil sair airoso.