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Um épico fascinante que percorre o pensamento europeu do século XII aos nossos dias e com um amor impossível a intrometer-se em todos os episódios
Este livro não pode ser lido de uma só vez. Tal como as Mil e Uma Noites, está construído como um emaranhado de histórias dentro de histórias. Os narradores são cinco pescadores da Cruz Quebrada que trabalham de momento como arrumadores do Lidl. Mas, na realidade, eles correspondem a cinco arquétipos históricos que aguardam o Segundo Regresso, que deverá ter lugar na madrugada seguinte. Com a ajuda do Professor Eleazar Melkievstein, que dedicou a sua vida ao estudo do mito do Judeu Errante, todos estes homens tentam explicar a Ana Maria, uma mulher que mora ali perto, não só as várias histórias do Judeu Errante mas também as suas próprias histórias. Neste percurso, Ana Maria descobre que no século XV foi uma das noviças das Agostinhas, conheceu o Judeu Errante e com ele viveu uma bela e trágica história de amor que nunca chegou a cumprir-se. É depois da concretização física desse amor na Cruz Quebrada que se anuncia, por fim, o Segundo Regresso e se descobre quem são os Eleitos que podem testemunhá-lo.
"A Primeira Luz da Madrugada, de Clara Pinto Correia, é menos um romance histórico do que uma narrativa fantástica, embora recorra amiúde ao facto histórico e até à monografia. Ficção fantástica mas que invade os terrenos da filosofia, do mito, das ciências ocultas, com uma grande dose de imaginação, de vocação profética, de criação de ambientes e paisagens.
A invulgar cultura de Clara Pinto Correia, que ao domínio das humanidades associa o conhecimento profundo da genética, enriquece tanto este livro torrencial que amiúde se nos deparam conversas que são confronto de ideias e saberes e visões do passado e do futuro dos homens, chegando a extrapolar da ficção para o debate de concepções do mundo, da psique, das religiões (...).
O final deste romance excessivo, atípico, tão rico como desordenado fica em nós muito presente (...) Julgo que se trata de um livro para ser amado ou detestado, no seu desafio à norma que pode ir até ao desconchavo, na sua luxuriante riqueza de informação e até na inteligência e beleza de certas páginas. Um romance provocador."
Urbano Tavares Rodrigues, Jornal de Letras