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Foi Manuel António Pina, citando Ezra Pound, que disse numa entrevista que «a poesia está tanto mais próxima da sua essência quanto mais próxima estiver da música». Lendo estes poemas, não podemos deixar de recordar essa frase. É o próprio Eduardo Jorge Duarte que a toma como, palavra sua, um princípio, adiantando que tenta sempre «aplicá-lo de maneira a que haja uma parte lúdica, igual à sentida quando se ouve música, implícita no usufruto do poema».
Mas há outra razão para o apelo da música, uma razão que tem origem num episódio familiar: «Na adolescência, durante as sardinhadas em que a minha avó conseguia juntar na sua casa todos os filhos, netos e bisnetos, ouvia-a lamentar-se pelo facto de nenhum de nós ser músico. Esse lamento ficou a falar-me ao ouvido durante muito tempo. É claro que tentei a música, e é claro que falhei. Daí que não me restasse outra alternativa a não ser procurar que os meus poemas fossem uma forma de compensar a inaptidão para fazer chorar uma guitarra ou a falta de talento para tirar miados doces aos violinos.»
O Intervalo entre o Raio e o Trovão é a música nas palavras de Eduardo Jorge Duarte, para quem, aliás, «a música é uma forma de expressão que induz à dança, ao movimento». Por isso, acredita que este livro, como os livros de poesia assinados pelos seus autores preferidos, «possa ser uma máquina de interrogações capaz de encorajar o movimento em direção à empatia, à alteridade e à preservação de um mundo em que ainda seja possível viver».
Há uma página interior com um vinco, já vinha assim.