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Vivemos numa época em que apenas tem direito a viver quem for perfeito. Cada insuficiência, cada fraqueza, cada fragilidade parecem proibidas. Mas há outro caminho para a segurança (…). A Arte de Ser Frágil é como um guia para ir ao encontro da felicidade através da beleza e da poesia, porque não há forma mais simples e simultaneamente mais elevada de trilhar esse caminho.
O escritor e professor Alessandro D’Avenia escolhe Giacomo Leopardi, um incompreendido poeta clássico italiano, como a sua fonte de inspiração para este livro. Numa série de cartas para Leopardi, em que tece observações não só sobre a obra, mas também sobre a história sofrida do poeta, ao mesmo tempo que passa em revista o percurso da sua própria vida, mostra-nos de que forma é que a literatura e a poesia podem, efetivamente, salvar-nos do desencanto, da frustração permanente e da tristeza profunda (ainda que o sofrimento seja absolutamente necessário para que evoluamos). A arte imita o processo criativo da Natureza. Estimula-nos a tornar as nossas ações «poéticas» e ajuda-nos a atingir a plenitude. A plenitude não é senão a felicidade. Alessandro D’Avenia debruça-se sobre as várias etapas da existência humana, desde logo a adolescência, período que o autor viveu com a angústia da depressão até descobrir um poema de Leopardi e sentir uma profunda transformação interior. Explica-nos que estes momentos de arrebatamento são como a estrela que nos conduz ao longo da vida.
É uma espécie de magia que tanto pode manifestar-se por via da perda ou de outro acontecimento doloroso como através de uma sensação de prazer ou experiência maravilhosa, semelhante à que D’Avenia viveu quando assistiu ao filme O Clube dos Poetas Mortos e decidiu, nesse preciso momento, que iria ser professor. O arrebatamento, defende o autor, é um sinal para que sejamos «alguém» e não apenas «qualquer coisa». É como um chamamento para que tomemos conta de nós e do mundo à nossa volta. Para que sejamos mais nós próprios e menos o que se espera de sejamos.