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No Verão de 1986, a palavra "corte" era, na televisão e nos jornais britânicos, o mais comum dos substantivos e o mais regular dos verbos. No Norte do país estavam então a fazer-se dois tipos de cortes. Um, incidia sobre a dimensão de uma pequena universidade provincial, onde Henry Babbacombe, um escritor desconhecido, dava também aulas. Outro, dizia respeito à montagem de uma grande série televisiva, que se esperava viria a ultrapassar o célebre Reviver o Passado em Brideshead e fazer A Jóia da Coroa parecer um produto menor, montagem essa que tinha lugar na grande torre de vidro da Televisão Eldorado.
Jogando com a palavra "cortes", tal como já o fizera com a palavra "câmbio" (exchange) no romance Rates of Exchange, Bradbury propõe-nos uma divertidíssima e escaldante visão da vida na Inglaterra conservadora dos anos 80, e da inesgotável capacidade de iniciativa dos seus heróis e heroínas — o próprio Babbacombe, um académico entretanto tornado argumentista, o irascível Lord Mellow, proprietário da Eldorado, e que sabia perfeitamente como conciliar a Arte e o Comércio, Cynthia Hyde-Lemon, a activíssima directora de produções, e Jocelyn Pride, responsável pelo departamento de filmografia, uma jovem cujo único erro fora propor uma série sobre a figura de Gladstone.
Corta!, que reúne as duas componentes essenciais da escrita de Malcolm Bradbury, o humor e uma observação acutilante, é uma das mais violentas e impiedosas descrições da Inglaterra do tatcherismo.
Detalhes do livro:
Editora: Dom Quixote, 1990; Tradução: Carlos Leite; Colecção: Ficção Universal DQ; med.: 15 x 23 cm; 164 pg.