Diário de uma Criada de Quarto

Octave Mirbeau (1850-1917) é justamente considerado um dos mais notáveis escritores franceses dos fins do século XIX e princípios do século XX, quer pelo vigor e pelo realismo da sua prosa, quer pela forma como escalpelizou a sociedade francesa — e sobretudo a parisiense — do seu tempo. Para figurar na colecção «Minerva de Bolso» escolhemos um dos seus livros mais representativos — Diário de Uma Criada de Quarto — uma obra em que o espírito de observação de Mirbeau se patenteia em toda a sua pujança e em que nos é dada a imagem fiel do ambiente em que se digladiam os elementos de duas classes que se odeiam e desprezam mutuamente, embora dependam uma da outra e se não possam dissociar. De um lado, a alta burguesia triunfante, volúvel e corrupta; do outro, a criadagem explorada, tratada desdenhosamente, cuja condição humana quase sempre se nega, e que, vítima da engrenagem social que a marginaliza e esmaga, recorre para sobreviver a todas as artimanhas com que os fracos se vingam dos poderosos: a crítica mordaz, a difamação subreptícia, a velhacaria, a insolência, e até o roubo. Célestine, a autora do Diário, é bem o produto acabado dessa sociedade, a criada galante e sem preconceitos morais caminha na vida couraçada de cinismo, a vitima de uns e o algoz de outros, sem exacta noção do bem e do mal. Mas poderia ser outra coisa? 

Detalhes do livro:

Editora: Minerva, 1973; Colecção: Minerva de Bolso; med.: 11,5 x 18 cm; 324 pg.